O fim-de-semana havia sido passado em conversas, mensagens, "mails" e culminado numa reunião online para "afinar agulhas". Havia muita expectativa relativamente ao dia de hoje. Às 8h, lá estávamos. O nervosismo miudinho, aos poucos, foi-se desvanecendo e começámos a olhar-nos nos olhos uns dos outros. Em 23 anos como professora, esta foi a primeira vez que nos vi assim, a conversarmos. Sem desconfianças. Sem pressas.
Moramos numa casa, onde nos cruzamos, mas não nos conhecemos. Cada um virado para dentro, para o seu mundo, onde não se permite a entrada de ninguém. Cumprimentamo-nos, rimo-nos, mas não nos entregamos, e entregarmo-nos, às vezes, é só ouvir o outro, que é um como nós e que, tantas vezes, precisaria do nosso tempo para ser. Andamos pelos corredores, numa correria sem norte, queremos sair dali, para viver, esquecendo-nos que é entre aquelas paredes que passamos a maior parte do nosso dia e que, também ali, se quisermos, a vida pode acontecer. Hoje vivi a escola como há muito, muito tempo não me acontecia. Hoje vi as pessoas, não os "robots" em que nos transformámos. Hoje, na escola, fui a pessoa que, tantas vezes tenho deixado do lado de fora dos portões.
Demos as mãos.
Há lá gesto mais bonito?
Amanhã todos estaremos à porta da escola. E a escola encerrada.
Sim, é o sonho que "comanda a vida".
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