Manifestação de 14 de janeiro



Do Marquês ao Terreiro do Paço foi também um espaço de reencontro com colegas e amigos que são a minha história. O relembrar de outras aventuras de luta e de como fomos valentes. O matar das saudades com aqueles abraços fortes que, calados, tornam ainda mais forte tudo o que a distância tentou apagar. O voltar a ter o olhar genuíno de quem se quer e se respeita. Tive tudo isso ontem. Tive também a surpresa de quem não conhecia, mas o termos amigos e uma ilha em comum foi o bastante para que nos reconhecêssemos. Tive muito ontem, até uma jovem que me tocou no ombro e que, ao virar-me me sorriu, cumprimentando-me "Olá professora Antónia". Vendo o meu olhar perdido na memória à procura do seu rosto, disse-me: "Sou a Catarina Marieiro." E de todos os abraços, aquele foi o abraço. "Vim do Porto de propósito para estar hoje aqui. Estive ali com o meu pai e perguntei-lhe onde é que estava, porque a queria ver, tenho acompanhado as suas publicações todas e estou muito orgulhosa de tudo o que estão a fazer." Depois falou-me da vida, da universidade, das leituras.
Apercebo-me agora que não nos despedimos. Nem fizemos a 'selfie' da moda. Nem lhe perguntei o seu nome nas redes. Voltámos a desaparecer, para que, num futuro, quando menos esperarmos, nos reencontremos outra vez e voltemos a querer falar de tudo no intervalo que a pressa nos der.
Tive tudo isto ontem, ali, entre o Marquês e o Terreiro do Paço.

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