Carta aberta aos meus alunos

 

Chega hoje ao fim o ano mais intenso de toda a minha vida profissional.
Em Dezembro, juntei-me, por profunda convicção à luta dos profissionais da educação. Mais do que as legítimas reivindicações, acreditem, foi por cada um de vós, e pelos que o futuro me trará, que me entreguei a esta causa.
Sei que, por isto, nem sempre fui a professora que mereciam, mas, acreditem, fui a melhor que pude ser. Com todo o cansaço, com todos os dilemas que me assombravam. E se sempre estive com o coração, reconheço que, por vezes me faltou a alma, essa, momentos houve em que a deixei algures nas causas que abracei, as grandes culpadas da minha pontual dispersão. E por isto, peço-vos desculpas, sabendo, embora, que não conseguiria fazer diferente.
É, também, inesquecível este ano, porque cresci um pouco mais e isso é culpa vossa e dessa maneira tão doce que têm de me encantarem, consciencializando-se do privilégio que tenho por ser professora. Nos corredores, nos pátios, na sala, sempre me fizeram sentir que estava a chegar a casa, num daqueles dias em que precisamos de conforto. Convosco, sempre o encontrei: nas brincadeiras “parvas” que só nós entendíamos, na cumplicidade tão verdadeira dos nossos olhares que se cruzavam e sempre, sempre, na gargalhada que me arrancavam, sobretudo nos dias em que nuvens negras me atrofiavam o pensamento e a vida.
Que não tenha sido o fim da caminhada. Que possamos ainda calcorrear mais uns poemas, que possamos ainda aborrecer-nos uns com os outros, que possamos, lado a lado, aprender juntos um pouco mais.
Até para o ano. E se assim não for, que saibam: ser-me-ão inesquecíveis, como todas as coisas verdadeiras.
Acredito-vos muito!
Obrigada.

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