A crónica que nunca foi

 


"-A que horas é o autocarro amanhã? Ninguém sabe de nada..." A pergunta é da Irmã Isabel , um dia antes de mais uma visita de estudo a Lisboa. Que não sabia, disse-lhe eu, mas que iria averiguar.
Para evitar o aborrecimento de quem me lê, e a quem tanto respeito, faço aqui um salto narrativo e encaminho já a ação para o último aviso, dado pela Cátia, que, com a sua amabilidade estranha, me advertia, já a noite ia alta. Como receio pela sensibilidade auditiva do caro leitor, sugiro que coloque tampões... nos ouvidos.
-Mancha, olha que o autocarro é às 7:30min., nas Naus. NÃO TE ATRASES, OUVISTE?
Eu, que não gosto de gritaria, tranquilamente ripostei:
-Excelsa colega, mas alguma vez a Mancha se atrasou para a luta?!?
E assim desliguei, obrigando-a a pensar na questão que ali deixara a pairar.
Acordei às 5h da manhã. A cidade dormia o soninho da madrugada. Não quis acordar ninguém, que eu sou muito pelo descanso das cidades e tentei dormir mais uma horita.
-CÁTIA, NÃO OUVI O DESPERTADOR, POR FAVOR ESPEREM, ESPEREM!!!
7:22 minutos. Tinha 8 para me aprontar. Sobraram-me 2. O banho tinha sido tomado na noite anterior, por isso, passei uma aguita nos olhos, lavei os dentes, vesti-me, pus o creme matinal, não fosse notar-se alguma ruga, pus as sandes na mochila, sai de casa, desci dois degraus, voltei para pôr perfume, sai de casa, fechei a porta, 3 degraus abaixo, voltei para apanhar a chave do carro e às 7:35 estava nas Naus, onde ainda tive de esperar pelo autocarro. A Mancha, está provado, chega sempre a horas.
A viagem no AI (Autocarro Independente) foi tranquila. A Cátia e o Pedro é que perturbaram um bocadinho, mas como mudei de lugar, conseguimos chegar a Odiáxere sem termos discutido uma única vez. Depois é que foi mais complicado, porque ambos teimaram em não concordar comigo, discordando, também um do outro. Eu, que não sou menos que eles também não concordei com coisa nenhuma e enredou-se tudo de uma maneira que, para se resolver, tivemos de fazer as pazes e fingirmo-nos todos amigos.
Quase a chegar a Grândola, o Pedro disse-nos...
e agora fica o mistério. O que terá dito o Pedro? É que tudo isto aconteceu lá para Fevereiro, altura em que comecei a escrever este registo. Está claro que já não me recordo. Não que não tenha uma memória prodigiosa, mas porque só retenho o que é verdadeiramente importante, ora sendo coisa dita pelo Pedro...

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