Sobre respeito

Há uns dias, a I. começou a andar à minha frente, com uns movimentos estranhos. Eu, como sou pela dignidade individual de todo o mundo, perguntei-lhe o que fazia e que não lhe ficava bem aquele bailado.

- És tu a andar, gargalhou. Discordei peremptoriamente e esqueci-me do episódio caricato. Ora ontem, por causa da Luta, foi necessário um cabo para pendurar um cartaz, voluntariosa, entrei na escola e consegui que me emprestassem uma mopa. À saída, estava a C. e o Inginheiro preparados para gravar a minha reação quando me apercebesse de que haviam resolvido a situação sem a minha ajuda. Ao ver-me no vídeo que fizeram, de facto, ando “aos saltinhos”.
- Moços, 47 anos para descobrir que ando aos saltinhos, desabafei hoje, às 10h, com uma das turmas.
Sem qualquer surpresa, concordaram comigo, mas a C. tinha algo a acrescentar:
- E também anda em itálico! – disse-me com um grande sorriso e a pender o corpo todo para a frente.
Perante o meu ar confuso, dá-me a seguinte explicação, desta vez ajudada por vários petizes:
- A professora anda sempre depressa, né? Ganha balanço e depois inclina-se para a frente para ir mais rápido. Fica assim inclinada. Tipo itálico!
Eu sou uma pessoa que gosta muito do respeitinho, por isso dei uma sonora gargalhada, mas fiquei logo séria e comecei a aula a pensar que tenho de pôr a negrito o nome dos petizes para não me esquecer de, no fim do período, acertar notas com eles.
 

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