Coisas que me acontecem

Compras feitas, casa limpa e cheirosa, corpinho asseado, repasto concluído, sento-me a preparar mais umas aulas. Surge-me, agora, uma situação ocorrida na semana trabalho que ontem findou.

Pe. António Vieira e o seu sermão aos peixes. Era o terceiro "round" do dia e vai que me aconteceu cansar-me da minha voz. E ter fome. E sentir que aquilo não me estava a sair como queria. E discretamente olhar para o relógio. E olhar para os moços e eles estarem lá, sendo a minha a única falta. Não me dava por vencida, claro está, mas aquilo não fluía, não fluía! Bom, lá fui peregrinando pelos minutos que se arrastavam, até que tocou o sino, momento em que soltei um silencioso "uffff" de alívio. Só que, enquanto um grupo de jovens alunos arrumava os seus pertences e se despedia com o costumeiro "até amanhã", outro grupo de jovens alunos, como também é costume, rodeou-me com as chalaças próprias da idade. Um deles até me perguntou se me ofenderia com o que me queria dizer. Eu disse-lhe que não sabia se me iria ofender ou não, vai que o moço me atirava com um " podemos continuar a análise?", mas, claro, de espírito aberto, pedi-lhe que arriscasse. E ele assim fez.
Começou por me colocar o braço sobre os ombros e abrir um sorriso, para matreiramente afirmar, disfarçando a afirmação com uma interrogação meramente retórica:
- Mancha, esta não foi a tua melhor aula, pois não?
Depois da gargalhada que se me assomou aos lábios, lá assumi que tinha estado muito distraída e muito desconcentrada, assegurando a excelência nas vindouras. Agora vou exigir o mesmo de todos os alunos, claro está. Mas mais deste espertalhaço perspicaz. Não por rancor nem nada desses sentimentos que corroem por dentro. É por vingança! 
E assim vão os dias...

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