Já vou com uns dias de atraso, bem sei, e a minha
colega de appartement bem mo fez
lembrar hoje.
O diálogo, à semelhança do que acontece diariamente
com várias pessoas, decorreu com toda a normalidade. Possível. Com toda a
normalidade possível, pois quando se trata de conversar com certas e
determinadas pessoas que eu cá sei, e que são muitas, não vá já alguma começar
com “De certeza que não está a falar de mim…”, nunca se pode almejar um alto
nível de normalidade.
O intervalo era o das 10h. A colega D. por ali
cirandava a dar dedos de conversa, eis que se aproximou e se encostou ao balcão
lá da sala de professores, que neste intervalo faz de taverna, mas daquelas
chiques, não se pense que anda ali gente a cuspir cascas de tremoços para o
chão. Nada disso. Ora a D. chegou, e eu, simpática, como sempre, não tenho culpa
deste dom que nosso senhor me deu, perguntei, como quem espera uma resposta
afirmativa:
- Olá, D., tá tude bém?
O sorriso foi largo e a resposta foi, perdoem-lhe a
gritaria:
- NÃO! -
respondeu,
- Melhér, o que tens tu?
- Por que é que não tens escrito? Saio da escola à
noite (a colega D. trabalha muito), vou à varanda fumar um cigarrinho, ligo o
Face, vá de procurar e… nada!
- Eu não tenho tido tempo…
- Achas que isso é razão para não escreveres? E
eu??
Levei a tarde toda a tentar encontrar um bocadinho
para escrever, p’ra ver se a mulher se cala. E cá estou.
A semana decorreu calmamente.
Tenho um trolley, chama-se “Mancha mobile”, ou “Mancha
móvel”, dependendo de quem o chama. É bonito e faz furor. Tanto, que hoje de
manhã ao percorrer o corredor, um jovem aluno deu-lhe um pequeno toque,
virei-me de imediato e a criança, pálida, desfez-se em desculpas. Gostei.
Além disso, sempre que entro na sala, a turma que o
baptizou faz questão de me cumprimentar. A mim e a ele. É mais ou menos isto:
- Olá pressora!
Olá Mancha mobile!
Atravessar a ponte começa a ser uma aventura para
os peões, tal a quantidade de carrinhos destes que andam a rolar pela escola. E
mais virão, até porque o colega J.D. foi ontem avistado a fazer uma
demonstração das potencialidades do seu trolley a vários outros colegas, que
estavam estarrecidos. Parecia aquilo uma reunião da Tupperware. Coisa bonita!
A D.ª F. garantiu-me que já falou com um sr.
Engenheiro no sentido de criar uma rampa ao lado das escadas, para que possamos
subir para a sala, sem ter de recorrer ao elevador, que dá um certo aspecto de
sedentarismo, coisa de que nós, possuidores de trolleys, não somos praticantes.
O V. é já o primeiro elemento júnior do TecnoRodas,
Clube de Trolleys da Escola Básica Tecnopolis, pois também já tem o seu trolley. Segundo me disseram, o N.
também quer um.
É claro que a tendência é evoluir e até já há quem
ande a dizer que, bom, bom, era ter um telecomandado. São as vozes da inveja.
Mas lá que era giro, era giro!
O V. mostrou logo o seu trolley à colega L. C., dizendo:
- A pressora
também faz parte do TecnoRodas??
A colega não se ficou, inchou e respondeu:
- Sou membro fundador, V.!
Até a estou a imaginar, sem caber em si de vaidade.
Quanto aos cacifos, tudo anda muito calmo. Apenas a
colega D. deixou um aviso, que atirou para o ar, mas que percebi que era para
mim:
- Já ando farta daquele menino da lágrima!
- Toca-lhe! – pensei eu. Só não lho disse, não
fosse ela mexer na criança e eu ter de me aborrecer deveras, que não seria coisa
bonita de se ver.
A D.ª C. também me disse que o Sr. D. lhe tinha
dito que, se calhar, quem me ratou as bolachas foi um rato. Eu cá acho que não.
Eu até tenho praticamente a certeza de quem foi…
Por ora não conto mais nada. Tentarei voltar na
segunda-feira.
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