DIA 32 - PERFUMES E BEIJOS

A aula correu bem. A colega S. fez o seu trabalho, eu fiz o meu, os alunos o deles.
Após o toque, o H. aproximou-se. Quase que lhe ia dar atenção, mas a colega S. desviou-me o olhar e a conversa. Minutos depois, foi ela própria que me faz sinal de que tinha alguém à espera para falar comigo. Era o H., claro, que ali ficara, educadamente, a aguardar. Devia mesmo ser uma coisa séria, pensei.
- Desculpa, H., distraí-me... diz-me! - comentei.
- A pressora tem o mesmo perfume que a minha pressora do 3º ano! - disse-me, enquanto, timidamente me sorria.
Fiquei baralhada, que é uma coisa que me acontece com alguma frequência e só me ocorreu um
- A sério?!
- Sim, quando a pressora se aproxima, lembro-me sempre dessas aulas do 3º ano!
Receosa, perguntei:
- E isso é bom ou é mau?
- É normal! - respondeu, enquanto se preparava para sair.
 Espero que a colega do 3ºano tenha sido uma referência positiva, caso contrário, terei de mudar de perfume novamente.
Mesmo ao fim do dia, já com o sol posto e a noite caída, saí da escola, com a colega C.M., depois de mais um TOP+, e encaminhei-me, na sua companhia, para o estacionamento.
A conversa cordial que mantínhamos foi interrompida por um tom aflito:
- Oh pressoras! Oh pressoras! - gritava um pequeno, sentado no passeio, na companhia de mais duas jovens da sua idade.
Olhámos e assim que percebeu que conseguira a nossa atenção, atirou:
- Ela está só a dar-me beijos! - enquanto se ria e à sua risada se juntava a das amigas.
Sem saber o que fazer, optámos pela sensatez: continuámos o nosso caminho, e deixámos o jovem entregue à sua sorte, naquela guerra de ternura.

CONVERSATION

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