A D.ª S. é um desembaraço! Consegue a proeza de
falar com três pessoas ao mesmo tempo e quem se baralhou fui eu, que nem sabia
ao certo que pergunta lhe fizera.
Como precisei lá voltar, chamei-a pelo diminutivo.
- Ai, quando aqui me chegam com o –inha… - comentava a Dª S., no seu habitual
jeito, enquanto que, com cada um dos seus braços, (deve ter p’aí uns 10) punha
folhas, tirava folhas, agrafava folhas, cortava folhas, dobrava folhas, copiava
folhas… - de que é que precisa, professora ( a D.ª S. articula, que é uma beleza)
?
Nem me lembrava já do que queria, mas claro que a
D.ª S. adivinhou (é outro dos poderes que tem) e resolveu ali o assunto.
Já na aula, o L. e o H. estavam um pouco agitados,
pedi-lhes as cadernetas e acalmaram. Acho que recearam que lhas estragasse.
Após o toque, preparadíssima para sair, o A. decidiu
falar sobre cinema. Quase que lhe bati, em vez disso, mostrei todo o interesse.
Cão de Guerra foi o filme escolhido.
- Pressora
não veja, olhe que vai chorar.
Mas se o A. não quer que eu veja o filme, por que
raio me há-de estar a aconselhar um filme que acha que eu não devo ver?
E vá de contar o enredo… Alto e pára o baile, que não quero saber o fim, disse-lhe, já com
um pé fora da sala, ameaçando-o com um olhar assustador, que não sei como é que
o A. interpretou, já que me respondeu com um rasgado sorriso.
Sem intervalo, corri para a reunião. Pelo caminho,
tive uma sugestão: pôr uma tiara, ou umas fitas no cacifo. Vindo de instância
superior, é uma ordem, que brevemente será cumprida.
Acho que seria uma ideia para lá de maravilhosa
fazer um concurso de decoração de cacifos. Mas uma coisa a sério, por
categorias e tudo, com júri para avaliar: o
mais criativo, o mais harmonioso, o mais asseado… e depois com
agradecimentos dos vencedores, tipo Oscar.
Ah, as ideias maravilhosas que me assomam…
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