Estão todos avisados
É certo que tenho andado calada,
muito por culpa desta timidez que me enforma e não por falta do que contar.
Também é certo que estou em falta para com os moços de uma das minhas turmas,
que a cada aula reclamam a cronicazinha dos TPC, ainda por fazer, não por
desmerecimento, tão só por culpa da mesma culpada da frase anterior. No
entanto, apesar desses atrasos, que tenho a certeza me serão perdoados, até
porque são apenas atrasos, não esquecimento, no entanto, dizia eu, não poderia
deixar passar a multa que me passaram.
A tarde tinha tudo para ser
normal, mas percebi que estava enganada, pois ao dirigir-me para o elevador, a
colega M.C. atravessou-se à minha frente sem me ver. Eu ainda tentei dizer
qualquer coisa, mas ela estava nervosa. Era com um petiz. Quis parecer-me que
ele lhe estava a dar música e ela com uma enorme vontade de pôr a cantar, coisa
que não posso confirmar, pois apressei-me a subir, não por medo, que a colega
M.C. não mete medo a ninguém. Quando está calma. Não era o caso. Vai daí, e por
amor a mim, dirigi-me para a sala e onde encontrei a pouca vergonha que ilustra este textozinho: uma multa!
Um papelito anónimo, num
português que eu imaginei ser algum crioulo de Cabo Verde, dirigindo-me logo ao
M. com cara de poucos amigos. Que não, que não tinha sido ele. Foi então, como
quem está desejando de contar, que os culpados, orgulhosamente, assumiram o seu
feito: O J., de quem eu esperaria tudo, menos uma coisa destas; o A., de quem
esperaria coisa pior e o Q., de quem não sei o que esperar.
Reza a multa que atravesso o
corredor em excesso de velocidade, colocando em perigo os transeuntes. Pois
agora fica o aviso, e não apenas a estes três jovens ousados, mas a toda a
comunidade escolar: vai começar o inferno “Fast & Furious”, quero ver se há
papel que chegue para me autuarem.
Só peço é que não chamem os
senhores agentes, os verdadeiros, não que tenha alguma coisa contra, só um
pequeno receio…é que afloram-se-me à memória os muitos encontros que já tivemos
pelas estradas deste mundo e dos quais sempre saí magoada. É uma relação sem futuro.
Não insistam, por isso, em juntar-nos.
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