Sortido de cenas


Tenho de ter sempre comigo um caderninho para tomar nota das pérolas que ouço nas riquíssimas aulas com o meu PCA. Houve tantas situações que mereciam uma justíssima referência, mas infelizmente a minha memória apenas reteve duas.
A propósito de um dos temas interessantíssimos (!) que lecciono, referia a importância da brevidade do texto de uma notícia, questionando os jovens sobre essa facto. Não transcrevo a resposta por incapacidade de pôr em palavras o silêncio que ali se gerou. Vai daí, vá de lhes dizer, leiam bem a minha eloquência:
- Moços, se vos trouxer para a aula um texto extenso, qual o primeiro comentário que vão fazer?
- Pode já lê-lo! - disse logo o G. E.S. com um desembaraço de pasmar.
Não contente com a resposta, por não ser a primeira que me dariam, espicacei:
- Não, esse seria o segundo, qual seria o primeiro, pensem lá!
O R., aplicado, soube logo a resposta:
- Fogo! 
- Exactamente, disse eu, professoral. -  A primeira coisa seria essa interjeição! E porquê? Porque dá "seca". - continuei eu, perante a estupefacção do R., por eu saber a resposta. De acrescentar que o R. é um moço aplicadíssimo, que só não acha bem que se tenha de fazer apontamentos nas aulas. E ler. E ouvir. E estar atento. De resto, nada a apontar!
Ainda nesta aula, comecei a apagar o quadro, onde escrevera algumas notas (as tais que o R. não acha bem que se tenham de escrever. Ah, o J. I. também concorda com o R. e desconfio que há mais, mas não quero levantar falsos testemunhos). A tarefa não estava a ser fácil, e vá de pressionar mais o apagador. E nada. E mais pressão e o raio das palavras não saiam. Apercebo-me, então, de que tentava apagar o conteúdo do "powerpoint" que entretanto começara a projectar, que eu cá sou muito pela limpeza!
A encerrar a tarde, já noutra turma, fiz um comentário ao facto de ter a J. e a M. sentadas na mesa da frente, quando, no ano anterior, se sentavam na que estivesse mais distante da minha. A J., que é uma moça muito desembaraçada, esclareceu-me logo, com aquele sorriso largo que a caracteriza:
- 'Tou aqui porque pensei muito nas férias e este ano quero ser tipo bué esperta e isso.
Antes de cair o pano, reproduzo uma conversa que ouvi hoje à saída da outra escola entre o segurança e um grupo de rapariguitas:
- Não podem sair, já sabem! - a voz é a do segurança S., que com toda a calma esclarece o que há muito é conhecido.
- Fogo! Não se pode sair, não se pode correr, não se pode nada! - argumentava uma das petizes, em alta grita .
- Fala mais baixo! - pedia o sr. S.
- Mas como é que posso falar baixo se só sei falar aos gritos? - urrava a pequena, com a impotência estampada no rosto.
O sr. S. não apresentou qualquer solução para a questão colocada, depois que não ande a fazer participações a queixar-se do berreiro.

CONVERSATION

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