A sorridente desilusão da S. ou Junho de 2017, aqui vamos nós!


De volta, após as férias, para mais 9 meses de alto risco. Que o parto seja fácil e chegue esse futuro "perfeitinho e com saúde", que é o que mais importa. Por ora, apenas o apontamento de que é bom voltar para onde nos sentimos bem. 

As aulas de apresentação decorreram sem grandes sobressaltos. Afinal, conhecemo-nos quase todos do ano anterior. Umas caras novas, aparentemente tímidas, de olhos abertos e semblante desconfiado. Afinal, sou professora, e nunca se sabe do que é que sou capaz. 
- Chamo-me Antónia Mancha e sou a vossa professora de Português. Há quem diga que sou simpática, mas não acreditem no que vos dizem - disse eu, a armar-me, perante a desconfiança daqueles que ainda não me conhecem e o sorriso descarado dos meus jovens companheiros de jornada. 
O caso mais marcante deu-se na 6ª feira. Passada que era já meia hora desde o início da aula, eis que se ouviu bater à porta. Que entrasse, disse eu. Aberta que foi a porta, surgiu a S., uma menina diferente com quem já trabalhara no ano anterior. Muito atarefada, entrou e, ao aperceber-se da minha presença, com um largo sorriso, atirou esta pequena pérola:
- Olha, 'tava à espera de outra prexora e xaiu-me você...
Contive-me, que eu cá não gosto de alaridos e, com um ar sério, respondi:
- Desculpa, S., é o que se pode arranjar...
Continuei a aula e as seguintes e, já a encaminhar-me para o fim-de-semana, cruzei-me com um grupo de jovens, no qual estava uma ex aluna, a B., que aos gritos, como é seu hábito, disse:
- Ai pressorinha, tenho tantas saudades suas, queria ter aulas consigo outra vez!
Eu cá nem tive tempo para responder, mas se o tivesse tido não teria uma reposta tão terceira como a de um colega que a acompanhava:
- Olha, tivesses passado!
Eu cá limitei-me a sorrir e continuei o meu caminho rumo ao fim-de-semana que me aguardava.



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