Poesia e cabras . E Gil Vicente


Era mais uma aula sobre Gil Vicente e eu estava entusiasmada. Símbolos cénicos para aqui, pecados para ali,e Anjos e Diabos e parece que, inadvertidamente, fiz uma rima, que de imediato despertou o H., que a estas coisas está sempre atento, e que disse, com aquele sorriso a fechar os olhinhos:
- Ahí, até rimou!
Eu cá até nem sou disto, mas disse:
- Sabes, eu sou mesmo assim, H., abro a boca e sai poesia!.
- Já o H. calado é um poeta. – disse logo o F., que até nem é muito de se manifestar.
Prosseguiu a aula, eu a emanar poesia a cada palavra, a turma que sim, que entendia, tudo conforme, até que o A. disse assim:
 - Pressora, atão o símbolo cénico do Judeu é a cabra, não é? – que sim, dizia eu, já a adivinhar a pérola que estava prestes a proferir – e o símbolos cénicos estão, tipo, associados aos pecados que as personagens cometeram em vida, não é? – que sim, embora, esta personagem se destacasse por…
- Ahí, eu nem quero pensar no que ele fez à pobre cabra! – isto foi dito com a manita sobre a testa, como quem imagina aquilo em que dizia não querer pensar.


Até eu fiquei com pena do animal, confesso.

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