DIA 27 - A PÉROLA DO A.


Mais uma aula de teste. 08:25 da manhã e contorcem-se-me as entranhas com a histeria do corredor. Bom, bom, era uma mordaçazinha na boquinha destas criancinhas, penso, enquanto me levo até à sala 14, que é como quem diz, até ao fundo. Pelo caminho, um “com licença” mais áspero, uma ou outra paragem forçada para não ser abalroada pelos pequenos que, àquela hora da manhã, já estão com uma energia que em momento algum do dia consigo ter. E se dizem que eu sou enérgica!
Chegada que sou à sala, ainda antes do cumprimento e perante a agitação generalizada, perguntei aos moços, de forma retórica, se se lembravam da conversa que tínhamos tido na aula anterior, arrependendo-me de imediato, pois a resposta foi um “Siiiiimmmmmm” lancinante.
- Mais baixo , por favor.
À entrada, comecei a dar instruções sobre os lugares que deveriam ocupar. Reparo no A., o jovem místico-descarado de quem vos falei no dia nº4. Com um sorriso do tamanho do mundo inteiro e um olhar vivaço, tentava acomodar-se numa mesa ao fundo da sala, sendo vários os candidatos a quererem sentar-se perto dele. Percebi que havia uma pequena possibilidade de se estar a formar ali alguma marosca e decidi pôr mãos à obra:
- A., tu ficas aqui ao pé de mim! – pedi, com uma veemência tal, que o A. se encaminhou de imediato para o lugar indicado, enquanto, sorridente, e para quem quisesse ouvi-lo, fazia o seguinte comentário:
- A pressora é mesmo uma espertalhona!  
- Obrigada, A.  - agradeci, satisfeita. 
Afinal, quem é que não gosta de causar boa impressão?



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